27 de junho de 2012

Um pouco de céu - Mafalda Veiga




" Só hoje senti que o rumo a seguir levava para longe

senti que este chão já não tinha espaço para tudo o que foge
não sei o motivo para ir
só sei que não posso ficar
não sei o que vem a seguir
mas quero procurar
e hoje deixei de tentar erguer os planos de sempre
aqueles que são para outro amanhã, que há-de ser diferente
Não quero levar o que dei
(...)
Só hoje esperei já sem desespero que a noite caísse
nenhuma palavra foi hoje diferente do que já se disse
e há qualquer coisa a nascer
bem dentro, bem fundo de mim
e há uma força a vencer
(...)
hoje,
parece bastar um pouco de céu"

Esta música é simplesmente perfeita*

Menos, é mais.

Não são todas, as noites em que ao invés do olhar se fechar ao descanso.. dele brotam pequenas lágrimas sofridas, mascaradas durante o dia, com grandes sorrisos e pequenos gestos.
{hoje é a noite}
Tenho em mim todas as incertezas do mundo e, com elas, o desejo de acreditar numa defesa interior, que me faça brilhar. Saltar a um novo patamar. Crescer. Amadurecer emocionalmente.


"O segredo para ter mais não é ter mais; é precisar de menos."
Pedro Chagas

E por vezes, ter-nos a nós mesmos, é mais que suficiente para a plenitude; Correr atrás da aceitação e amor de segundos [e de terceiros] é meio caminho para a ilusão. 
E consequentemente para a desilusão.
Avaliar melhor a nossa capacidade individual, é de génio. 
Criar um circulo que nos proteja do "mais" é essencial para a sanidade emocional.


Cada lugar por onde passo, sinto que a ele não pertenço. E hoje apenas isso, me faz acreditar que a eterna felicidade está na nossa individualidade. 
Naquilo que prospera nas nossas mãos; 
que emerge do nosso esforço, 
que se ampara na nossa dedicação e coragem.


Como um dia escrevi, o percurso do herói é individual; a necessidade de segundos {terceiros e por aí afora}, na nossa vida, é essencial, para mantermos os laços de uma normal socialização e, paralelo, encaixe no mundo.
Mas os laços, os verdadeiros laços  
- laço intransmissível , intemporal,  sincero, fiel.. esses, só mesmo os que moram junto ao nosso ser. Como quem diz, nós mesmos.


Deixei voar os sonhos, e pedi, que acalmasse a tormenta. Mas feri-me. Enquanto escurece, peço por tudo que consiga avançar nas decisões mais difíceis para o coração, mas mais correctas para a razão.


Não é difícil viver com pouco - difícil, é ser feliz com pouco. É valorizar o pouco, que é muito.
... difícil é agarrar  as pequenas coisas e esquecer o perigo que é morrer por não ver o que o "mais" esconde.
Tenho o mundo dentro das minhas mãos -  agora fechadas. Quando nos falta o chão, não há nenhuma mão para nos salvar.
E o que nos resta? O menos. Esse mesmo menos, que nos fará encontrar o que é realmente importante no nosso coração.

17 de junho de 2012

Complicar

"Complicamos demais a vida.. e por isso, todos os dias nos parecem impossíveis de suportar. 
Cada dia é mais difícil que o anterior. 
Tudo se acumula na alma como ondas de incompetência e desespero. 
Talvez seja importante mudar de atitude e aceitar aquilo a que a vida nos convida. 
Se não queremos aceitar, devemos lutar. 
Ir mais além, querer, fugir ao que magoa, tomar decisões e,
Complicar a vida
 dirigir com afinco a nossa vida."

14 de junho de 2012

Um pequeno desabafo..

"Actualmente, ninguém dá valor aos sentimentos; nomeadamente à amizade e ao amor.
É tão mais fácil descartar e começar de novo. Tão mais fácil desistir e dizer que não se aguenta mais a pressão do quotidiano.
Acabou a luta por aquilo que realmente vale a pena. Acabou a coragem, o carácter e a verdadeira essência que se sente no olhar.
Esta "era" virtual tem tanto de bom como de mau - é uma balança contraditória.
Se por um lado pode aproximar pessoas, por outro, pode agir exactamente no sentido oposto.
As pessoas esquecem-se de valorizar a realidade e vivem como consumistas de tudo que é virtual e imaginário.
No fundo, é tudo bem mais fácil, quando não tem de ser encarado directamente!
As pessoas não são números.
É importante que todos tenham consciência disso quando fizerem escolhas. Quando agirem relativamente a algo.
O amor e a amizade é vivida por gestos - gestos esses que têm de ser inevitavelmente Humanos e reais .
Parece que todos se esquecerem de como é."

6 de junho de 2012

Mafalda Veiga - Fim do Dia

Sem rumo


Toda a vida, fazemos malabarismos para não perder a lucidez do amor. Para confiar cegamente no abrigo que escolhemos para nos manter. O mar que faz embarcar o nosso barco, que dança ao rumo do vento.
Para jogar este jogo {perigoso que é O amor}, com os pés assentes no chão. 
Chão esse que por vezes, se torna ausente.
A cada dia que passa, percebemos que com o tempo, passamos todos a exacerbar a loucura deste sentimento; gestos que nos prendem a pessoas que ancoram em nós a esperança.
E nós? Podemos confiar?
Queria apenas que por um dia, todos os meus sentidos se evaporassem por entre as montanhas que visualizo na minha imaginação.
Estou atada a sentimentos que magoam, que doem do lado esquerdo do peito { Não sei bem onde}.
Hoje quebrou-se em mim, a vaidade de um amor ideal, a certeza de um caminho sem maldade.. 
hoje, há aqui, do lado esquerdo do peito, muita tristeza e poucos sonhos.
Enquanto anoitece, o brilho do mundo desaparece em mim, e sinto
que me falhou o mundo aos pés. Que em nada mais me consigo agarrar. E choro; não choro por tristeza, mas por desilusão.
A desilusão é uma dor mais cruel que a pura tristeza; a desilusão pressupõe uma ilusão, que criamos na palma das mãos, e tomamos conta, com todo o carinho.
Tenho-te aqui comigo, na mão esquerda.
Na minha mão direita, está o que restou do meu coração; falhei com ele.. e ficou em mero pó. 
Tudo se resume a isso: mãos cheias de nada. Pedaços que não quero reconstruir. Sonhos que já não me pertencem. Saudades da inocência perdida, que agora balança nas minhas mãos.
Podia manter-vos nas minhas mãos, mas o que não nos pertence -  é livre. 
Estendo as duas mãos ao vento.. e deixo a vida decidir a verdade, eu fugi ao vazio.
Quero apenas guardar o abraço que um dia, me encheu a alma.

5 de junho de 2012

Sedução


"Os homens convenceram-se de que, por natureza, são infiéis. Porque foram concebidos para cobrir todas as fêmeas do planeta. Vontade não lhes falta; o problema é não contarem com a colaboração das ditas, para além da falta de tempo e de paciência para seduzir as que, de certezinha, se deixariam levar."
Miguel Esteves Cardoso




Este escritor é um génio.
Adoro cada palavra dele. 
A sedução pode ser uma dádiva na nossa vida, quando usada adequadamente e com intenções positivas no amor, nas relações, na vida.
É um tema controverso, este, o da traição.Ou o escolher outra coisa além do correcto, que é o mesmo.
O da sedução em caminhos opostos de uma relação a dois
O querer mais além daquilo que se tem por perto. Que muitas das vezes (estupidamente) não chega. Não nos materializa o amor, nem o sexo. Não basta. Não é exímio. 
Queremos mais. Por natureza, somos uns humanos insatisfeitos.

Ego? Alter-ego? Inconsciente? Emoção? Aventura? Risco? Tesão? Novidade? Mudança?
                                                 (...)
Afinal do que se trata a traição? O seduzir alguém quando se têm um compromisso emocional com outra pessoa.
Os homens (e as mulheres) são por natureza infiéis -  ao amor, às relações, aos compromissos, aos deveres e obrigações.. (...)
Não nascemos propriamente comandados a ser politicamente correctos, nem tão pouco, somos capazes de suprir as necessidades mais básicas com facilidade, e pelos meios mais aceites socialmente;
e por isso, para atingir certos estados de alma.. há caminhos & caminhos para atingir a satisfação -  pessoal, sexual, profissional, emocional, etc e tal.
A monogamia é imposta pela sociedade, é facto. Mas, 
a fidelidade deveria ser imposta pelo coração, pelo carácter da pessoa -  essencialmente, pela fidelidade aos sonhos e às palavras que são tantas vezes gestos desenfreados que dão sinais errados.
Sejam fiéis, a vós mesmos; Não quebrem as promessas do coração, como quem embarca num barco, para uma nova viagem, deixando tudo para trás.

A certa altura das nossas vidas, percebemos, que estamos rodeados de estranhos -  e refiro-me àquelas pessoas com quem partilhamos anos de existência,
porque os verdadeiros estranhos, não magoam a nossa alma.