14 de junho de 2010

Gestos que abalam


um gesto teu, consegue reproduzir um mundo frio e (re)abrir o abismo que expulsei da minha vida!
Pouco podem mudar os dias,quando os muros não deixam ver onde nasce o mar, onde termina o arco-íris; a luz do mundo vem de dentro de quem se perde alguma vez.. e esvai-se na imensidão.
O teu gesto rasgou a certeza e deixou-me a vaguear por entre as incertezas do coração! Gestos que abalam, são gestos que ainda nos tocam, significam que ainda estou a (sobre)voar no sonho e não abandonei a plenitude daquilo que em tempos fui!

Queria dizer: conta comigo, pois estarei aqui, dorme no meu abrigo e descansa no meu abraço..
...mas, tudo se quebrou, independentemente, dos teus novos e inéditos gestos!
Enquanto a noite cai, eu , deixo que o mundo cintile em mim... sei, que estás longe do meu coração! Sinto-te só e maltratado pelas tuas opções. Mas não posso reagir ou estender-te a mão.
Olha para mim, hoje não há batalhas, não há tristezas.. jamais serei o teu (novo) abrigo.
Anoiteceu no meu coração e deixei que a escuridão e toda esta amnésia propositada, apaga-se tudo que fui contigo. Não serei sempre o teu abrigo, para onde, podes fugir.
A tarde está fria, tomo o café apressada e evito os olhares que descortinam a minha dor. Às vezes somos muralhas em vez de pontes, mas mesmo assim, há quem tente escalar.
O escuro que surge lá fora, torna as estrelas mais brilhantes. O calor ainda existente na minha alma, aquece os meus sentidos. As marcas deixadas, não permitem que aceite de novo o teu abraço, nem que me deixe levar pelo lado surpreendente da saudade; não confundo rumos com emoções.
Seria assim, um céu aberto que (sempre te) espera, se não soubesse recolher a dor.

Vi um menino, no céu da minha cabeça.. veio de tão longe, só para me pedir: por favor não me esqueças!
Vinha tocar o seu som das palavras, mas, não o quis ouvir.Tocou-me apenas a loucura daquele sopro, que não desfez a fronteira entre a lua e o sol.
Por entre as nuvens surges.. e na aproximação.. queres tocar-me...
Loucura, porque não se pode ter o dia que em tempos se apagou na mão; se esmagou com as ilusões de outras vidas.
Menino frágil que és, dizes: deixa-me ter a tua luz.
Eu respondo: Poderias sempre vê-la se a tivesses estimado no teu coração.
(...)
Se nenhum de nós se tivesse sentido nunca sozinho, trocariamos gestos de amor, em vez destas palavras.
Agora, os teus gestos não servem de nada.. não fazem melodias milagrosas.. despede-te de mim, como eu já me obriguei a fazer, em relação a ti.

Está a nascer um novo dia e, não volto à primeira noite, nem à primeira estrela.. só porque tens medo, neste escurecer.
O que mexeu na tua alma para ansiares o (re) encontro? Não és o rei do amor, quanto mais, serás o rei da tua caravela.. perdida, levada pelo vento que se cola ao teu corpo e te embala, até quereres voltar. A aventura traz-te maresia e madrugada. Mas não acalma a dor da minha ausência.
Quando já nada é intacto, por dentro, rebentam os sonhos e tudo se enche de neblina.
Quando há qualquer coisa que sufoca, por dentro, sentes que sem mim, tudo é vulgar. Tu és Vulgar.
Mas nada desfaz as certezas do meu mundo, mesmo que o amor se mantenha neste coração ingénuo e contaminado por tudo que ainda és para mim. A vida fez do meu ser, pedaços de nada, que sou obrigada a (re) construir. Não venhas roubar-me as poucas peças que me restam para completar o meu Grito de coragem.
Não vais balançar os meus dias, nem me vais encontrar cansada e desarmada. Tudo o que a vida faz em mim e e mim, traz-me lucidez.
Gestos teus.. perdidos no tempo e na realidade, e mais tarde, nos meus pensamentos e coração.
Porque, quem perde é quem parte.. nunca quem fica!
Fica a sombra de quem foi embora... (...)