19 de fevereiro de 2011

Voz no silêncio

Se a verdade estivesse no fundo do mar, não me importava de esperar sentada na areia; até ao dia em que os murmúrios da água trariam até mim, a sorte.
Se a vida tivesse algum significado, atrevo-me a dizer que este vem com as ondas do mar - salgadas e frias.
Mantenho as minhas pegadas na areia húmida marcada pela proximidade do mar - falta-me o ar e não encontro as palavras certas para entender esse teu lado perverso - oh vida!
Quis fugir, após ter encontrado sentido a uma prece que sempre quis cumprir; Fugi para não ter de encarar a falta de certezas e os "mas" da vida.
Fugi porque queria que a saudade fosse embora; fugi porque não quero voltar a chorar mais por dentro, do que por fora.
Não ganho nada, é certo. Mas perder também não faz parte destes planos a curto prazo.
É sempre assim? Quando acreditamos em algo na nossa vida?
Caímos sempre no desespero de não alcançar o que desejamos?
A música está alta, e o tempo está a meu favor!
Deixo que a tristeza passe no meu rosto, mas não permito que permaneça.
Não quis construir grandes sonhos, em cima de bases falíveis do conhecimento mútuo. Fui cuidadosa, aliás, fui cautelosa - mas o facto é este: não adianta o quanto queremos controlar a vida e os sentimentos - somos pedaços de nada comparados à força do que existe para nós.
Destino? Sei lá bem... Nunca fui capaz de acreditar no destino; que aberração acreditar-se em planos que o universo tem para nós.
Mas como sempre, acabamos sempre por aprender... e pergunto, que queres para mim, Universo?
Filtro toda a luz que existe na escuridão dos movimentos do coração.
Concluo que avançar é erróneo.
Fico aqui, com a minha voz no silêncio,
que posso quebrar com a tua vontade.

Novo dia (parte IV)

"Tanto tempo que passei à espera deste sorriso que provocas em mim; esta sensação de bem estar eterno."
Joana, volta a perder-se nos seus próprios pensamentos e não esmorece o sorriso que mantêm no seu rosto,
agora um pouco rosado, pelo constrangimento que sente.
- " Hoje o dia está particularmente quente, não concordas? Um bom dia para encontrar alguém especial! Mas.. nem era preciso este sol, pois não?!
Joana, não acredita no que acabou de ouvir. Miguel estaria mesmo a dizer aquilo, ou seria (e como sempre) fruto da imaginação dela?

- "Hum.. acreditas que prefiro a chuva? Julgo que sou uma mulher do frio." Diz Joana; Sorri e prossegue,
-" Mas este sol, bem.. o sol que hoje trouxeste até mim; este, não trocaria por nada!".

"Que vontade louca de percorrer todos os caminhos a teu lado. És doce e, percebi isso através do brilho deste momento.!" Pensa Joana.

Miguel não deixa esconder alguma emoção,
- " Pareço um desesperado. Exactamente a atitude que não iria querer ter perante ti. Desculpa-me. Mas admito que ultimamente me sinto um realizador de curtas metragens.!"

Permanece o silêncio.

Miguel num tom delicado e tímido convida Joana,
-" Queres acompanhar-me num passeio? Pelas ruas da cidade; até não podermos mais? Não precisamos de proferir nenhuma palavra. Não agora. Teremos toda a vida para isso."

- " Este é o melhor plano que poderia ter para o dia de hoje.!"

Lado a lado, e de mão entrelaçada caminham em silêncio, sem se sentir abandonados por um sorriso,
sorriso este, tão óbvio que transparece felicidade.