6 de maio de 2011

Já não me sinto bem nesta distracção que a vida criou para o meu coração.
As memórias já não cobrem a dor de um passado; os pedaços de nada já não encobrem as lágrimas da noite.
A partir deste momento.. tenho a dizer que já não há nada para sentir, nem existe nada que venha a ser bom de recordar.

O anjo, acabou por descer à terra e largar as suas armas; o seu conforto e a prisão estreita entre a razão e o coração.
Volta ao mundo que existia sem mim; vais libertar-nos desta crença que ambos construimos em torno de algo tão pouco palpável e sólido.
Estar aqui.. apenas por estar - só faz de nós - peregrinos da escuridão.
Para que um dia a recordação não seja apenas um rio que corre sem rumo.. devemos criar uma zona de conforto,
zona essa que será obrigatoriamente individual.
Não olhes para mim.. não posso voltar a acenar positivamente como outrora; não posso erguer de novo os braços para receber o que julguei ainda existir.
Respira fundo e vira costas. Por vezes, é a única solução.
Eu acredito, não importa o que o coração nos diz.

Se ao menos..



Não sei como reagir quando os meus sonhos fracassam dia após dia.
Não consigo entregar-me e desistir de tudo aquilo que inocentemente construi em cima de nuvens.



Se ao menos, pudesse continuar a acreditar.
Se ao menos me sentisse a tocar o céu pelo menos no pensamento.
Se ao menos pudesse abrir uma porta que libertasse as minhas asas.

Pergunto como o ser humano é capaz de aguentar tanto. No amor e na vida.
Nas desilusões e nos obstáculos.



E apenas queria, ter as minhas asas de volta. Voar sem medos e prisões sentimentais.

Se ao menos eu pudesse estar livre destas correntes de dor.
Se ao menos o ar que eu quero respirar não me sufocasse.
Se ao menos Tu não existisses neste meu mundo.

Ouve-me, oh vida: chega. Seja lá o que queres para mim, chega. Não quero.

Se ao menos pudesse aguentar mais.