8 de julho de 2011

Momentos perdidos

Tive sonhos que não realizei; momentos que perdi - com o coração cheio de lágrimas.
As mãos a tremer e a pedir ajuda. O olhar triste e desiludido.
Continuei a sonhar - acreditei. Quis acreditar. Pedi ao céu que nunca me deixasse desistir. Agarrei-me aos pequenos desejos da alma.
Fiz promessas a mim mesma, como forma de me aguentar sob pressão - sempre com a vontade de agarrar ainda mais, os meus sonhos.
Tantas noites que adormeci a chorar - e perdi, muito daquilo, que nunca deveria ter sido um fracasso. Abri mão de mim, para alcançar sonhos partilhados. Chorei.
Após tudo isto, só me resta fechar os olhos e sentir os sonhos a correr-me nas veias.
Sou uma sonhadora - demais até.
Lembro-me de um passado distante e de uma aldeia - que me viu crescer, entre montanhas e brisas frescas no rosto quente de criança.
A alegria era parte de mim e de tudo o que me rodeava.
Sempre senti demais; sempre pensei além do factual. Sempre me dei sem regras. Quis sempre mais do que aquilo que tinha nas minhas mãos.
Criei um mundo só meu, em que a garra e a coragem, fizessem de mim, uma mulher completa.
Tinha poucos sonhos.. mas aqueles que faziam parte de mim - eram fortes e profundos.
Cresci, sem compreender bem os caminhos que segui; sem uma mão amiga que me ampara-se em qualquer momento..
mas sorri sempre, mesmo nos momentos em que o mundo me fugia da mão.
Esperei, desejei, acreditei...cheia de expectativas e ideias.
Hoje - pouco ou nada mudou. Mantenho o elevado grau de expectativas e exigência perante a vida e os meus objectivos.
Mas perdi força. Coragem. Paixão pela vida. Deixei-me descer ao sacrifico por amor. Desvalorizei o meu estado de espírito.
Hoje sei, que os sonhos são apenas meros espectadores da realidade.
Amanhece a cada dia.. da mesma forma.. com os mesmos tons, os mesmos cheiros, as mesmas imagens.
Mas há aqueles dias - em que ainda reconheço em mim - a força dos sonhos de criança - e a inocência com que acreditava neles.
No entretanto.. no percurso de vida.. tanto se perdeu, tanto se transformou.. tanto se ultrajou. Tanto que se evaporou por entre os dedos. Tanto que deixou de fazer parte de mim.
Nunca esta culpa, foi das pessoas com quem partilhei estes sonhos.
Cada um, tem o seu papel na vida de outrem.
Vivi demasiado em busca de utopias e sonhos perfeitos. Esculpidos em bases falíveis e com montanhas.
Sonhos demasiado inúteis no tempo e na historia de vida de um comum mortal.
Hoje procuro a lucidez dos momentos reais, que completam os meus sonhos mais congruentes e sólidos.
A timidez do meu coração, aproxima-me da criança perfeita que sou. As palavras aproximam-me dos sonhos que ditei ao meu coração.
Tinha tanto para dar..
um tanto,
que se evaporou por desilusões sofridos, por sonhos e amores ultrajados...
Paixões que magoaram o mais especial de mim.
Hoje, sei - e tenho a certeza- que os sonhos, só a nós pertencem!
Devemos conserva-los apenas no nosso ser,
sob pena de sermos considerados egoístas; não importa.
Os momentos e os sonhos, só são partilhados por amor. Amor verdadeiro.