7 de junho de 2010

Devaneios da alma


Preciso de um tempo, para balanço de vida.
Sinto muito mais que aquilo que desejava, e a vida não me agarra, não me deixa aplicar os meus planos nem se importa com o que estou a sentir.
Sei que sou imortal no final desta dor.
Se o meu caminho for este, então encho-o de luz e percorro todos os lugares em que estás ausente!
Peço um tempo para me salvar e para parar de viver o perigo.

A solidão destrói este pequeno lugar que restou no meu coração. Ao certo, não sei quem sou e, desconheço a distância entre a minha voz e o viver.
Que tormenta esta, que me abraça, que (con)vive no meu abrigo.
Enquanto escure-se, os brilhos do mundo percorrem a cidade.. e eu, aqui, quebrada em mil pedaços, num chão que se abre e me aspira com a tristeza.
Estou sempre no labirinto. Uns dias a planar sobre ele; outros no seu interior e,
quando me deixo tocar pelo teu corpo deixo de ser aquilo que o medo fechou.
Poderias ser um chão que me agarra, ou outra margem de mim! Pode ser esta noite quente.. tu e eu a descobrir a vida.
Sinto os teus passos, pressinto os teus gestos, vejo os teus sonhos perdidos.. e hoje, mais do que outra noite, há algo que me fere e me faz querer ter-te aqui. Não importa se fores breve como a loucura, oscilante e que passes as fronteiras. Não importa se tudo se for, numa gota só! Eu sei, que faço tremer o teu mundo.. e não importa que tudo seja breve como o sopro do vento!
Espero-te sempre, ao fim do dia, cansada. O mesmo desfecho.. alguém me sorri. Mas no pensamento, és o meu pequeno abrigo. Que fim de dia tão frio, apressado e olhares perdidos à procura do futuro. O tempo endurece qualquer armadura e ergue muralhas.. que não deixam partir nem deixam chegar!
Sinto-me só, desfeita e com o olhar vazio. Cansada, mas com ternura.
Ao longe vejo a ponte, o céu que muda entre o inicio e o fim. Ao fundo, vejo casas velhas.. e espero no tempo, algum sinal teu!
A ver se a vida agora acerta, naquilo que sempre me prometeu! O horizonte é a viagem que faço sem me mover, onde me possa perder..
.. o peso dos dias torna-se insuportável no meu coração que mais parece uma folha de papel.

A dor essa traduz-se nas lágrimas que percorrem o rosto gelado pelo vento. Não sei como evitar esta fragilidade... que me faz parar no tempo e tudo em mim se precipita. A vida desgarra-me os sentidos e não me oferece um canto para ficar longe desta guerra que me domina!

Entretanto, enquanto a vida me magoa, permito-me estes pequenos devaneios da alma.