29 de abril de 2011

Solidão dos dias



Sento-me neste jardim que embeleza parte desta cidade e procuro abstrair-me de tudo o que me rodeia.
Prefiro fingir que nada existe do que assumir esta ruptura entre a minha vida e a motivação.
Podemos esperar muito da vida, dos outros e de nós mesmos. Ou pouco.
Podemos imaginar todo um futuro de dias na nossa vida. E fazer planos.


Embelezá-los, dar o melhor de nós e da nossa imaginação, para que tudo se concretize como desejámos. Podemos interrogar-nos acerca de mil coisas e não obter resposta nenhuma. Ou nem as querer obter.


Ou ainda, várias respostas e nenhuma ser a certa. E nenhuma ser uma certeza.
Porque ainda estamos no Presente... E porque nos esquecemos muitas vezes que não somos donos do tempo nem dos momentos. (Deveríamos?).
Passamos os nossos dias rodeados de pessoas. Muitas pessoas. Várias pessoas.
A grande maioria dos nossos dias (e noites).
Podemos estar rodeados por todas essas pessoas e ainda assim permanece a estranha solidão.
Podemos, é um facto, estar rodeados de pessoas menos próximas, com quem nos cruzamos nos nossos dias mas de quem não exigimos mais do que um sorriso hoje e uma palavra amanhã.
Podemos estar rodeados de pessoas mais próximas, que realmente sabem o que dizer e quando dizer, como agir, como falar e como ouvir, sem termos de lhes explicar como...
No fundo, podemos estar rodeados até pelas pessoas que nos fazem mais felizes, que, invariavelmente, há um momento ou outro do nosso dia em que nos sentimos tremendamente sós...


E é como se uma barreira invisível nos separasse do Mundo.
...Porque tudo se resume a uma coisa tão simples como podermos compreender os outros, saber como se sentem, mas não podermos efectivamente viver por eles nem eles por nós.
Podemos realmente sentir todas as partes em que um coração foi despedaçado, mas não podemos tê-lo como nosso.



Podemos estar aqui, ter o Mundo aqui, as pessoas aqui.. e sentir: a solidão inadiável e inerente a qualquer Vida!