Alguns escrevem pela arte, pela linguagem, pela literatura.
Esses, sim, são os bons.
Eu só escrevo para fazer afagos.
Para obter os pequenos abrigos, para onde posso sempre fugir.
E,
porque eu tinha de encontrar um jeito de amortizar as quedas,
quando o tempo me esvazia os sonhos.
Diminuir o cansaço de sempre.
Endurecer as crises que incendeiam muralhas e apagam os olhares quentes.
Este é o fogo que conforta os meus sentidos,
o que permite resistir às marcas deixadas na alma.
Sabe bem.
Não manter sempre,
o mesmo quadro que me sorri da parede
Posso estreitar distâncias.
Ou possui-las como uma concha que posso abraçar na minha mão.
Há muitas distâncias em mim
Uns escrevem grandes obras.
Eu só escrevo bilhetes para escondê-los, com todo cuidado, no mundo dos sonhos.