transcrevendo fardos de vida que se amontoam na solidão dos dias.
As imagens estão sem som, na minha vida; e os corpos são deixados para trás como fruto do abandono.
O rosto e as mãos, unem-se num movimento lento e leve que cede à imensidão do esquecimento.
Podia rasgar os papéis ardentes no pensamento, que te colocam na sombra de quem disse adeus,
mas não me sinto fiel ao fazê-lo.
Fidelidade é algo que quero preservar, por mim mesma.
Com o vento e a poeira, surge o cansaço que me faz estar à deriva, sem saber qual o momento de parar para não mais ouvir a voz do coração.
Mais que uma ausência, isto é, o desejo escondido de querer mais do que aquilo que ficou.
Não procuro aprovação tua para as minhas palavras e para os meus actos.
Não quero piedade pelos sonhos que destruíste aos poucos.
Quero os sentidos que me fazem ouvir novas canções.
As pessoas estão a perder os gestos loucos que as caracterizam; perdem o fogo que devia crescer de mão em mão; deixam flutuar no escuro os sonhos.
Ninguém está interessado em criar laços, em partir para novos horizontes, nem tão pouco, há alguém interessado em deixar voar os sonhos.
Sento-me um pouco aqui, e fico no meu abrigo. Choro; porque não tenho medo de assumir que sou fraca e que este sentimento de dor, piora de dia para dia;
Nem sempre é assim, vale-me isso. E vale-me o sorriso com que enfrento as batalhas.
Há dias em que a ausência é mais que isso.
Estar perdida é tanto como procurar além da realidade.
Não estou a baixar os braços, explico apenas, a razão que não os mantêm sempre em luta constante.
Explico a ausência que me prende ao nada.