14 de março de 2011

Talvez não haja amanhã

De todas as vezes em que existe, o amor começa da mesma forma.
Inicia-se com,
o ar que nos falta no peito, uma brisa quente numa tarde de verão, a entoação perfeita de uma canção, o abraço mais apertado, o desejo e a pressa perante a vida, corpo seco que mata a sede, risos emaranhados com saudade, sonhos elevados ao céu, mãos entrelaçadas e planos especiais...
mas..
chega um dia em que.. a nossa alma proclama em alta voz: talvez não haja amanhã.
É aqui que o encanto se perde - o amor não são só borboletas no estômago e afins, dignos de romances.
Muitas das vezes, a mesma pessoa que um dia conquistou o nosso coração, pode violenta-lo de forma abrupta sem mesmo nos enviar um bilhete a avisar.
Fala-se aqui, de uma violência maioritariamente emocional. Naquele momento sentimo-nos um livro aberto que não quer seguir com a sua história; é melhor não dizer mais nada - não haverá amanhã.
São desfeitos os planos, o desejo dos corpos, as almas abençoadas, os sonhos e tudo em nós se quebra em mil pedaços.
Não é apenas um desgosto de amor, é antes de tudo, um sofrimento atroz e uma traição aos nossos sonhos. A nós mesmos e à vida.

O término de um amor, implicando qualquer tipo de violência, acaba com o pouco que até então havíamos construído, individualmente e a dois.
Quão cruel pode ser uma pessoa que trai sentimentos, confiança e expectativas?
Quão violento pode ser, arrasar os sonhos, os ideais, a auto-estima e a autonomia de outra pessoa?
Não é apenas uma noite mal dormida, nem um arrufo de quem está de mal com a vida..
ficamos parados entre a lembrança do primeiro beijo e o estalo emocional reflectido na última oportunidade.
A distância aqui, é a única salvação lógica, que permite o retorno ao mundo real impregnando em nós as marcas desta violência.
E ficaremos antes de mais, sentados, naquele canto da vida, em que bate um raio de sol e,
dizemos baixinho e com medo,
ao nosso coração:
Não voltarei a amar.

(Participação no tema de mês de Março para o blog http://fabricadeletrasepalavras.blogspot.com/ - visitem)

Pedir ao Universo

Diz-se por aí que
tudo aquilo que pedimos ao Universo, retorna a nós através da força daquilo que desejamos.
Tantas vezes desisti por falta de força, por falta de coragem e por acreditar que não havia mais nada a receber. Nem mais nada a oferecer.
Só para afastar estas dúvidas, hoje, vou pedir ao Universo, aquilo que me falta.
Redigir uma carta especificamente para Ele.
Tenho a certeza, que a noite ficará acesa até tudo pertencer ao meu peito. Que o vento cairá sobre mim com a ternura da sua brisa.
Que os sonhos vão esvoaçar por cima do meu coração, onde lhes poderei tocar e escolher quais irão ficar.
Nesse momento não vou falar, vou sim, ficar neste meu lugar.. que há muito perdi. Só eu e o Universo.
Confio na força das palavras, na eloquência das frases rasuradas num papel timbrado;
na inocência dos sonhos e na subtileza dos nossos desejos;
acredito na sabedoria da mente e no optimismo com que encaramos a vida.

Passamos grande parte da nossa vida, a desejar o que não temos e a inferiorizar o que faz parte de nós; caímos neste erro, vezes sem conta, repetidamente, ao longo da existência.
Aquilo que fazemos (e tão bem) é lamentar por tudo aquilo que perdemos, sem entender, nem um segundo sequer, que ficaremos bem, independentemente das amarguras da vida.
Anulamos as informações dolorosas.
Recalcamos factos.
Recusamos que as coisas vão e vêm; que nada é estático e intemporal; que nada é eterno - nem mesmo a liberdade de escolher os pedaços do nosso puzzle.
É muito mais forte.. que o nosso desejo.
O segredo é saber atravessar o deserto com um sorriso.
Ficar no lado de cá, a lamentar não resolve rigorosamente nada.
Para se obter sucesso em qualquer área, é preciso concentração e focalização, no que de mais importante queremos, e é essa a arma da nossa mente. E a nossa. E a nossa.
O pensamento gera comportamentos. E vice-versa.
Somos matéria capazes de: Pensar. Reflectir. Raciocinar. Pedir. Desejar. Ser. Interpretar. Melhorar. Recuperar. Amar. Odiar. Perdição. Encontro. Raiva. Sorrisos. E tanto mais..
Como a força do mar.. somos a calma de um rio e uma chama que arde. Passado e presente. Futuro que há-de vir.
Basta a palavra certa que entoe de forma perfeita na voz do nosso silêncio.
Basta querer e aceitar quando não recebemos.