Escrevo para preencher os pedaços inacabados da minha vida;
Gotas de cores envolvem o meu pensamento e o meu húmido olhar,
desviado e morno na pele.
Escrevo a sonhar no amor enroscado em meiguice e mel;
Sonhos no rubro do calor intenso de Maio.
Raios que surgem do arco-íris;
O olhar e o riso que comigo podem brincar.
O canto dos meus lábios que cede ao teu riso sem medo.
Relógio partido e arrumado a um canto do coração,
Fragmentos dos tempos em que este funcionava,
como uma velha canção.
Que sabes tu do meu canto das palavras.
Abandonada tua alma, na flutuação dos erros caminhados.
Passas ao meu lado e não me reconheces,
Acho que ninguém reconhece esta imagem...
que quero viver, exaltar pelo meu corpo;
O vácuo que ficou no fim das chagas
O entardecer, a brisa abafada, a ribeira e o vento
amaciam estas minhas palavras que pousam
nas gotas de orvalho, vacilantes, mas que refrescam o cansaço
Pássaros, bando de asas soltas...
Procuram melodias para cantar e encantar a dor
Em noites de romaria das estrelas, dos cometas.
Alvorada que oscila a minha mágoa,
O céu que rompe o azul na água.
A sonhar entrego-me ao frio que a noite fez.
Tempo da partida e olhar no horizonte,
o brotar das fontes e do sol que acalma
Agitar irrequieto que me aqueça a alma.
Serei a melhor melodia que se inventa,
o que sinto será a chama mais que acesa.
Eu escrevo palavras soltas, preciso delas
para encher toda a minha forma,
senão rebento em mim.
Sou alguém que cabe na vida ou rebenta na Morte.
Estendo os meus braços a esses prantos e juventude de agora
Filha única da vida, menina da minha mãe.
Caí da sua algibeira e sigo de forma breve
Eu já não cedo a esse algibeira, prefiro roçar o solo
e ser criada pelas palavras soltas,
que me guiam e ajudam a sobreviver.