29 de maio de 2011

O Luto

Hoje estou de luto.
Vesti-me com as cores que sempre trouxeste à minha existência: o negro.

Ninguém sabe, mas o verdadeiro luto é aquele que se faz - quando o coração amadurece.

O verdadeiro luto, acontece enquanto amamos, mas temos de partir.

Sinto-me carregada de lágrimas e,

solto pequenos gritos que me tentam prender ao passado que sonhei a teu lado.

Não quero saber.

Lá fora, o vento sabe a liberdade, e hoje, o luto pertence-me.

Há tantos sonhos loucos por viver; tantos brindes que devo fazer à vida além de nós.

O mundo não acaba. A vida não esmorece. O coração não morre.

Sobrevive-se.

Somos feitos de uma coragem incorrigível e de uma luta desmedida.


Não vou voltar a agarrar-me a este sentimento que nunca me fez bem; Que não me faz falta.

Hoje, estou de luto.. e estou a derramar sangue como consequência desta liberdade que quero alcançar, no fim de tanta tempestade!

....estes sonhos que são sempre os mesmos - baseados na esperança - que me incomoda.


Não minto - ainda estás em mim (sempre estarás) - e sinto muito por tudo.

E dói

dói tanto

....tanto como recusar todas as noites de luar que sempre me guiaram.

Amo-te no mais infinito de mim; mas nem sempre o amor é o caminho certo a seguir.

O amor não morre.

O defunto hoje, é a minha capacidade de perdoar e saber viver com esta reviravolta de emoções - um dia em cima, outro dia em baixo.

Já não sou a menina perdida que manipulavas com as tuas palavras misturadas com tons do sol e alimentadas por pequenas esperanças do dia a dia. Palavras que continham as estrelas.

Sei que já fui outra pessoa. Fugi de ti, mas sobretudo, de mim...

... cortei laços que são inquebráveis.

Realizei um mundo de amor sem fim.. que até hoje só dependeu de mim. Não fui capaz de mais, nem de menos. Amei assim - tal como uma paixão avassalada por tempestades que nunca controlei.
Chuva de sonhos por realizar - mergulhados em incertezas deste amor.
A raiva passou. As lágrimas permanecem.
O luto não e o fim - é a renovação.
Estás no meu céu.. mas és agora, a minha estrela perdida.
Até sempre!

Cartas de Amor



"Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)"

Álvaro de Campos