27 de junho de 2010

Gritos no Silêncio





"A minha vontade é forte, mas a minha disposição de obedecer-lhe é fraca."

Carlos Drummond de Andrade




Este silêncio poderia ferir-me... mas julgo que me obedece e liberta os meus gritos.
Gritos necessários para exacerbar toda esta agonia sentimental em que deixaste a minha alma.
Gritos que enaltecem as quatro paredes que envolvem o meu coração..
...não! Já não são quatro as paredes que me amparam ou protegem. Deixei cair uma delas... para quê?
Para ver horizontes... para libertar gritos e aumentar o silêncio que os recebe.
Para procurar o sol e o luar, e as marés que procuram uma praia.. talvez no fim do mar.
Hoje, vou ficar por aqui... a gritar por entre os sonhos que restam...!
Já fui, já andei... tudo o que eu queria, era um tempo para mim.
Os meus gritos já tiveram som... voz... gestos! Agora, mudei. Resta o silêncio da alma, que me traz paz nos momentos em que caem lágrimas de saudade.


Sei que as minhas palavras são sempre "tristes".. quem lê, percepciona-as assim.
Mas,
permitam-me este aparte,
os sentimentos são tristes na maioria das vezes. Ninguém nunca nos disse que amar era sorrir, que amar era Ter e prometer.
Amar é arrancar madrugadas da pureza dos dias.
Amar é perceber que o riso não nos pertence. Ninguém nos promete nada, nós é que julgamos, possuir mais do que aquilo que existe nos sentidos.
Rasgamos o mais fundo que há em nós e nos outros e emaranhar-nos nisso...
A felicidade é mais que o amor.
E estas palavras que por vezes difundo aqui... são apenas extractos do meu Ser, em determinados momentos.
Escuto a minha alma, quando está mais triste, porque é quando mais precisa de mim.
Os momentos felizes são mais fáceis de viver e mais difíceis de transpor para as palavras.

Enquanto vivo não escrevo.
Quando sinto, transcrevo.

Podemos deixar que as palavras nos devorem, ou podemos rasgar delas as partes que precisamos. Chegamos sempre ao fim, se soubermos que os dias não são nossos. Podemos viver sentimentos ou absorver experiências e palavras profundas de outros .
Agora,
tenho necessidade de te dizer, a ti, coração imaturo: és tudo em mim. Morri por ser preciso, não por o meu amor ter chegado ao fim.
Recordo tudo que há em mim, e o mundo faz sentido assim.

2 comentários:

Salteador de Momentos disse...

Tudo o que morre, merece um tempo de luto, merece que se pense sobre ele.

Digo: Por mais insignificante ou desajustado que pareça, há que ter presente que o futuro será risonho.

PS - Força.

Unknown disse...

Basta um só acto para ferir de morte, tudo aquilo que se julgava eterno á percepção do nosso sentimento, mas é preciso mais que um bom entendimento para se voltar a sorrir, mas em tempo algum devemos sequer pensar em não voltar a renascer.
Alma minha porque feriste tu meu coração de guerreiro.
Arranquei esse espinho, sarou a ferida, e eu, fiz-me á vida, porque o sol... Esse, brilha no mundo inteiro.