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Sinto saudades, tantas saudades do meu sorriso de criança.
Da simplicidade com que via as coisas e, das histórias fantásticas que construía em redor de tudo o que me cativava.
Sonhava ser escritora de histórias para crianças (curioso, até porque eu ainda era uma criança e precisava que alguém me contasse essas histórias).
Os raios de sol e aquele perfume a natureza, ou a terra molhada da chuva... aquela sensação de Vida, que só conhecemos verdadeiramente quando somos crianças.
Como me sossegava segurar na tua mão forte e fingir que jamais me abandonarias.
Nunca fui uma criança de muitos afectos, mas Os que vivia eram repletos de intensidade, entrega e sinceridade.
Ainda hoje sou assim!
Não há nada mais verdadeiro que o amor e a verdade no olhar e no sorriso de uma criança.
Sinto isso, cada vez que reflicto a minha vida no olhar de uma criança que cruze o meu caminho...
... quando me sorriem, sinto-me Eu novamente! E sou até capaz de esquecer as amarguras que me avassalam em outros momentos.
Quando a criança era eu,
posso afirmar que amei. Porque não sabia que se poderiam esconder factos tão crueis e escuros e mesmo assim, sorrir-se.
Só sabia que era feliz em cada momento, em cada gesto e em cada palavra.
Devia sim ter aproveitado mais o Teu colo enquanto o sentia Meu!
Hoje é tarde, aquela criança cresceu...
Já não sou capaz de ver um sorriso sem maldade.. ou um olhar, sem que este tenha algo a esconder-me!
Já não sou capaz de sentir a inocência dos sentimentos nem das coisas, nem de me dar com a mesma intensidade que um dia me caracterizou.
Um dia, quando também eu tiver a minha criança, farei de tudo para que ela viva intensamente o amor que tenho para ela!
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Porque mesmo que mais tarde as tempestades assolem o Porto seguro, este foi o Unico Porto de abrigo que um dia tivemos de forma incondicional.
Fui uma criança feliz.
Muitas crianças pelo nosso mundo não podem sequer orgulhar-se do mesmo.
Não importa que me tenham deixado partir, o que realmente importa, é que um dia fiz parte de um amor assim. O único incondicional e que não nos substitui por outro/a pessoa.
Recordo com saudade (sempre que o meu coração me permite abrir esta parte fechada em mim), a minha infância na aldeia... antes de passar a ser a menina "crescida" da cidade.
E nessas alturas regresso sempre ao Teu Colo,
que sei que jamais voltarei a ter.
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