17 de agosto de 2010

Perdas e danos


Há dias que me encontro numa neura letárgica,
em que tudo o que me rodeia se limita ao silêncio ensurdecedor e (de) interessante desta alma, escrava dos meus desejos e desta indecisão.
Não existe aquela estimulação, que me faça querer-te tanto e que seja capaz de te dar a imunidade.
Não vou poder dar o pouco que restou de mim, enquanto esta obsessão me afastar de ti.
Tenho a fria sensação que indica que estou ainda presa à primeira vez que me perdi na solidão dos teus segredos,
na qual e, inevitavelmente guardei a dor dessa paixão dentro de mim.
Hibernei de alma e coração.
Sem paciência está o meu coração; sem espaço para as meras circunstâncias que trazem apenas mais um dia de magia, ternura e emoção.
É este somente o tempo que tens para me dar? Aquele que vai e vem?
Vidas estranhas. Sem tempo para chegar às verdadeiras emoções.
Noto ainda em mim, uma expressão cáustica, de espectadora profissional - os homens são todos tão parecidos..; arriscaria dizer que nos hospitais as mães já não "dão à luz", mas existem sem dúvida várias fotocopiadoras alinhadas numa fila comodista e religiosamente elaborada, que originam as reproduções dos homens de hoje. Aqueles que hoje não sabem demonstrar paixão única num coração.
Creio que cada um é uma cópia infiel de um outro. Sem talento natural ou inato.. sem almas distintas.
Os sonhos, esses, não espreitam através do olhar.
Aceita-se o tudo e o nada, apenas porque sim. Porque os caminhos são difíceis de percorrer e nós gostamos é de esperar que as causas perdidas se transformem em milagres realizáveis.
Tantas fugas de nós mesmos.
Tanto faz.
Não consigo entender porque se separam os amores. Aqueles que na vida e nos corações deviam ser eternos.
Separações depois de intensos e espantosos romances de duas almas unificadas,
não encaixam bem na minha visão quase-compreensiva do mundo, das coisas, de mim e dos outros.
A solidão que sinto tem um sabor agri-doce. Bastam-me algumas horas para a saborear e aproveitar na sua essência positiva...
após isso, retorno aos olhos que produzem dor e retratam o amargo que tudo isto me traz.
São tantas as perdas, tantos os danos..
mas tanto faz. Dizemos "até um dia" e tudo se encaixa perfeitamente na gavetinha dos pensamentos passados.
Que forma estranha de lidarmos com o que ainda é parte de nós.
Sei o que sinto, quando os meus olhos te ignoram. Sei de ti, sem saber onde. Não continuo a procurar-te. Parei para repor tantos danos.
Sou muito mais do que aquilo que te invento. Não fica mais nada para contar.
Porque dói saber que amanhã andarás pelas tuas ruas...

6 de agosto de 2010

O mundo corre veloz



Tudo no quotidiano pode ser feito de várias maneiras. O incrível é quando e, apesar das tantas maneiras prováveis.. não somos capazes de interagir e aplicar nenhuma.

Salva-me o talento de saber desenhar com letras e fazer pinturas de sonhos... com as cores da vida que me
restaram.
Faço tantas pinturas que não sei apagar. Cada lugar eu marco na ponta do pincel que exibe as cores marcadas de amor.
A vida tem rumos e caminhos tão bons de guardar. Quero esse lugar mais dentro onde só chega quem sabe ficar.

A minha ânsia nesta busca de ti é sempre numa esperança de sermos um só outra vez.
Agora, ânsia esta, que me faz acreditar que tenho medo de voltar a naufragar. Medo de sair deste cantinho só meu. Medo que a vida se desfaça num gesto atado a um lugar teu e meu.

Tenho sempre presente, os momentos felizes (e os outros). Tantos outros além destas margens comuns dos rios.
Comuns memórias onde espero (sempre)encontrar mais vitórias que derrotas. Agora, quero apenas descansar deste suplicio de emoções que vivi até aqui.
Sabes,
o meu coração reparte-se por entre os
medos e dúvidas.

Pego no papel branco reluzente de luz e na minha caneta preta.
Bem escura como a solidão e é de lá me saem palavras. Palavras devidamente ordenadas para fazerem sentido. Sentido de explicar.. Sentimentos.E por minutos perco-me!
Envolvo-me em pensamentos que me trazem alento.
O mundo corre veloz.. mas eu continuo aqui no meu porto de abrigo... espero as decisões levadas pelo vento.
Não naufrago porque não embarco.
Não hoje.